Todas as nossas suites Master têm um quarto, WC, e uma cozinha aberta, funcional mas decorativa, com abertura para a sala de estar e jantar, e uma varanda exposta a Sul que convida a um pequeno almoço solarengo ou à conversa com as Vizinhas da Rua. Experiência excepcional e uma localização perfeita.
OLÍVIA
A História da Olívia
A Olívia viveu no último andar do 238 da Rua dos Caldeireiros e conta quem a conheceu que ela era muito religiosa e tão devota à Igreja dos Clérigos que, por ela, até ia para lá viver. Todos os dias ela agradecia a Nosso Senhor Jesus Cristo por ter arranjado aquela casinha tão maneira e bem arranjadinha mesmo ali, pertinho, coladinha, quase porta com porta, com o Casa do Senhor. E ainda por cima estava mais pertinho do céu.
Perante a impossibilidade de se mudar de malas e bagagens para o local de culto, teve de arranjar uma solução e recriou a tão adorada igreja, veja-se bem, dentro de casa.
Viveu a vida inteira onde queria: pertinho do céu.
Ela, que até tinha uma casa bem maneirinha e com uma decoração agradável para a época, decidiu que as mudanças iam ser nas paredes. As dela já tinham uma cor sóbria, mas não o suficiente para estarem mais perto das do Senhor. Como pôde, arranjou duas latas de tinta e um pincel e lá se pôs ela a pintar as paredes de branco, mas sempre de baixo para cima que era para se manter perto das nuvens. Deixou dois dias a secar, porque Deus a livrasse de não poder ter paredes imaculadas, e começou a organizar tudo: devolveu os móveis ao seu lugar, colocou as cadeiras debaixo da mesa, desenrolou as carpetes e voltou a pôr as almofadas em cima do sofá. Afastou-se da sala para poder ter uma visão mais alargada da situação e começa a torcer o nariz. A casita que antes parecia tão cheia, estava despida, tristonha, sem cor. As paredes brancas, que até ficavam tão bem na Casa do Senhor, não traziam alegria nenhuma ao espaço.
Andou dias a magicar, a tentar perceber como podia fazê-la ficar ainda mais parecida com a sua adorada Igreja e foi aí que se lembrou das queridas vizinhas que viviam nos andares abaixo dela. Apesar de não se dar muito bem com elas, especialmente com a do primeiro andar que andava sempre numa vida pouco digna, sabia que elas tinham bom gosto e como mulheres modernas que eram, deviam andar sempre a dar a volta da casa, a comprar coisas novas… De certeza que alguma coisa que lhe conviesse deviam ter. Foi bater-lhes à porta e voltou com os braços cheios de coisas antigas, mas que iam ajudar a tornar a sua casinha num pequeno santuário.
De casa da Faustina trouxe uma carpete verde fininha e comprida, parecida à que o senhor Padre tinha nos Clérigos, que apesar de meio rota por andar sempre a sacudir, dava para ela simular a zona central da Igreja que dá até ao altar. Da Carmen trouxe um copo vermelho, cor que Olívia só tolerava por ser a que os Cardeais usam nas celebrações, e que antes de ser colocado no centro da mesa foi lavadinho para espantar o que de mau vivia naquela casa. E da Amélia, que das três até era a vizinha que mais tolerava, trouxe um molho de hortênsias azuis que, por sorte, eram tal e qual as da Igreja e que iam ajudar a fazer um arranjinho bonito aqui e ali.
Perante isto, e conseguindo alcançar o nirvana, Olívia viveu os restos dos seus dias feliz e bem pertinho do que a fazia completa.
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